(e a expectativa do próximo conclave)
Na segunda feira da Oitava de Páscoa, dia 21 de abril de 2025, às 7h35 (horário de Roma), correspondente a 2h35 no horário de Brasília, Papa Francisco fez sua Páscoa para a casa do Pai[1]. Faleceu com 88 anos de nascido e 12 anos de pontificado.
Entre as coisas memoráveis de seu pontificado, recordem-se:
Sua última mensagem “Urbi et Orbi”[5] (para a cidade e para o mundo), no Domingo da Ressurreição, não podia deixar de conter uma condenação do aborto e da eutanásia:
Cristo ressuscitou! Neste anúncio encerra-se todo o sentido da nossa existência, que não foi feita para a morte, mas para a vida. A Páscoa é a festa da vida! Deus criou-nos para a vida e quer que a humanidade ressurja! Aos seus olhos, todas as vidas são preciosas! Tanto a da criança no ventre da mãe, como a do idoso ou a do doente, considerados como pessoas a descartar num número cada vez maior de países.
Rezemos pela alma do Papa Francisco, o “doce Cristo na terra”, que deixou a terra para ir ao céu.
Rezemos também pelo conclave, previsto para começar em 7 de maio, no qual será eleito o novo Papa.
Sugestões para o novo Papa
Qualquer que seja o nome daquele que se assentará na Cátedra de Pedro, podemos desde já fazer algumas sugestões para o seu pontificado.
A primeira delas seria canonizar o grande Papa Pio XII, o pontífice mais citado nos documentos do Concílio Vaticano II e o pai da Bioética. Praticamente todos os temas bioéticos atualmente estudados (esterilização, procriação artificial, transplantes…) foram primeiramente abordados por Pio XII.
A segunda delas seria definir como verdade de fé, a partir do Mistério da Encarnação, que todo indivíduo humano, à semelhança de Cristo no seio da Virgem Maria, recebe por criação direta de Deus uma alma racional no momento da concepção. Para nós, esse momento é aquele em que os dois gametas (materno e paterno) perdem sua individualidade para darem origem à célula ovo ou zigoto. Cristo, que “manifesta plenamente o homem ao próprio homem”[6], é a chave teológica para se resolver a questão da “animação” embrionária.
A terceira sugestão seria corrigir o Código de Direito Canônico, que, em seu cânon 96, apresenta o Batismo como o momento em que o homem é constituído “pessoa”. Uma boa correção seria afirmar que todo homem é pessoa desde que é concebido, e se torna cristão quando é batizado.
A quarta sugestão seria condenar a tese de Bouscaren (1928), segundo a qual, em uma gravidez tubária, a remoção da trompa antes da sua ruptura, contendo a criança ainda viva, não seria um aborto direto. Na verdade, tal remoção (salpingectomia) constitui aborto direto, pois não seria
feita se a mulher não estivesse grávida. O objeto da ação é remover não a trompa, mas a criança do organismo materno, com sua morte consequente.
A condenação de tal tese estimularia a busca de procedimentos não abortivos para tratar uma gravidez ectópica, inclusive a pesquisa de uma cirurgia para transportar o embrião da trompa para o útero (conversão tubário-uterina ou operação Wallace).
Anápolis, 2 de maio de 2025.
Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz
Vice-presidente do Pró-Vida de Anápolis.
[1] https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2025-04/papa-francisco-morre-dia-21-abril-2025.html
[2] http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/ccdds/documents/rc_con_ccdds_doc_20130501_san-giuseppe_po.html
[3] https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/2018-03/decreto-maria-mae-da-igreja-calendario-romano.html
[4] https://www.vatican.va/content/francesco/pt/motu_proprio/documents/papa-francesco-motu-proprio-20210510_antiquum-ministerium.html
[5] https://www.vatican.va/content/francesco/pt/messages/urbi/documents/20250420-urbi-et-orbi-pasqua.html
[6] CONC. VAT. II, Gaudium et Spes, n. 22.
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