Coração Imaculado de Maria,
livrai-nos da maldição do aborto!

(“Ide, pois, e fazei discípulos todos os povos” – Mt 28,19)

Quando uma mãe desiste de um aborto, devemos comemorar. Mas o trabalho pró-vida está apenas começando. Salvamos a vida física da criança. Devemos agora dar a vida sobrenatural à mãe e ao filho. A graça é transmitida a nós pelos sacramentos. A mãe teria que fazer uma boa Confissão a fim de receber a absolvição e se tornar “mais branca do que a neve” (Sl 50,9). A criança deveria receber o Batismo, “nascer da água e do Espírito” (Jo 3,5) para se tornar filha de Deus e herdeira do Céu.

Catecismo da Igreja CatólicaMas como não se ama aquilo que não se conhece, para que a mãe aceite, para ela e para seu filho, a graça divina, precisa ouvir falar de Deus. Instruir os ignorantes é uma obra espiritual de misericórdia para a qual o Senhor nos reserva grandiosa recompensa: “Os que ensinam a muitos a justiça hão de ser como as estrelas, por toda a eternidade” (Dn 12,3). Brilhar no céu: eis a glória que o profeta Daniel prevê para os catequistas.

A primeira missão da Igreja é ensinar: “Fazei que todas as nações se tornem discípulos” (Mt 28,19), “proclamai o evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). Somente pela fé, a mãe que desistiu do aborto poderá desejar “a fonte que jorra para a vida eterna” (Jo 4,14), despojar-se do homem velho (Ef 4,22) e revestir-se de Cristo (Rm 13,14), tornar-se “nova criatura” (2Cor 5,17). “A fé vem da pregação e a pregação é pela palavra de Cristo” (Rm 10,17). Porém, pergunta São Paulo: “Como poderão crer naquele que não ouviram? E como poderiam ouvir sem pregador? (Rm 10,14)”. Percebe-se aí a importância da catequese.

Em sua Carta Apostólica “Antiquum Ministerium[1], de 10/05/2021, que institui o ministério de catequista, o Papa Francisco recorda os irmãos e irmãs que “constituíram Ordens religiosas totalmente dedicadas ao serviço da catequese”, que é “uma missão insubstituível na transmissão e aprofundamento da fé” (n. 3). E acrescenta:

O Espírito chama, também hoje, homens e mulheres para irem ao encontro de tantas pessoas que esperam conhecer a beleza, a bondade e a verdade da fé cristã (n. 5).

O Catequista é simultaneamente testemunha da fé, mestre e mistagogo, acompanhante e pedagogo que instrui em nome da Igreja. Uma identidade que só mediante a oração, o estudo e a participação direta na vida da comunidade é que se pode desenvolver com coerência e responsabilidade (n. 6).

Orar, estudar e participar na vida da comunidade: três requisitos para o ministério de catequista.

O Santo Padre exige que aos catequistas seja dada “a devida formação bíblica, teológica, pastoral e pedagógica, para serem solícitos comunicadores da verdade da fé” (n. 8). Caberá à Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos a publicação de um “Rito de Instituição do ministério laical de Catequista” (n. 8).

Sem a catequese, que restaria?

Se o serviço pró-vida se restringisse a impedir o aborto, estaríamos correndo como o bombeiro atrás do fogo, mas sem tomar precauções para evitar um novo incêndio. Sem a catequese, a mãe dissuadida de abortar não mudaria de vida. Aceitaria aquela criança, mas desejaria não conceber outras. Pensaria em um meio anticoncepcional eficiente ou talvez em fazer uma laqueadura tubária. Não evitaria a promiscuidade sexual. Não valorizaria a família, santuário da vida, nem o matrimônio, mistério de amor de Cristo pela Igreja, nem o dom dos filhos. Não desejaria confessar-se (pois nem saberia os efeitos da Confissão) nem desejaria o Batismo para seu filho. Muito menos seria capaz de educá-lo na fé.

Que desfecho lastimável! Abandonar espiritualmente a mãe que não abortou seu filho (ainda que se dê a ela toda assistência material) é uma omissão grave! Como é triste encontrar, em hospitais católicos, profissionais – que também se dizem católicos – oferecendo às parturientes a implantação do DIU (que é abortivo), sugerindo alguma pílula ou injeção anticoncepcional ou até mesmo propondo a ligadura de trompas durante um parto cesáreo… Naquele ambiente nada se diz à mãe sobre a virtude da castidade.

Catequese pró-vida

A vida é uma boa nova (o “Evangelho da Vida”) que precisa ser anunciada. Às gestantes devemos ensinar que elas não pertencem a si mesmas, mas que seu corpo, “templo do Espírito Santo” foi comprado por Cristo “por um alto preço”. Devem, portanto, glorificar a Deus em seu corpo (1Cor 6,19-20). Mas para isso, elas precisam aprender os fundamentos da Doutrina Cristã: a Santíssima Trindade, a Encarnação, a Redenção, a Igreja, os Sacramentos, os Novíssimos. Tudo isso temos tentado fazer até hoje.

A incipiente Comunidade de Irmãs pró-vida, aprovada “ad experimentum” pelo Bispo Diocesano Dom João Wilk, precisará conhecer e amar profundamente a Doutrina Católica a fim de dar às mães acolhidas a ocasião de conhecerem e amarem Aquele que “enviou seu Filho Único” ao mundo e, crendo nele, “tenham a vida eterna” (Jo 3,16).

Que São José, a quem confiamos esta causa, mostre-nos quais são aquelas escolhidas para, com sua pureza, prontidão, oração e silêncio, comporem esta comunidade feminina de vida.

Anápolis, 6 de setembro de 2021.

Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz

Presidente do Pró-Vida de Anápolis

 



[1] FRANCISCO. Antiquum Ministerium. Carta Apostólica sob forma de ‘Motu proprio’ pela qual se institui o ministério de catequista. Roma, 10 maio 2021. https://www.vatican.va/content/francesco/pt/motu_proprio/documents/papa-francesco-motu-proprio-20210510_antiquum-ministerium.html

Compartilhe

Deixe um comentário